quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Discurso de Apresentação

Discurso de Apresentação da Candidatura de José Pedro Aguiar-Branco a Presidente do Partido Social Democrata.
Segunda, 22 Fevereiro 2010 15:09

"Queridas amigas queridos amigos,

Há quem diga que o PSD já não tem lugar na nossa sociedade. Há até quem diga que o PS e o PSD são iguais. Está na moda dizer-se isso. Mas quem diz que o PSD já não tem lugar na sociedade, quem diz que o PSD e o PS são iguais, devia olhar para esta sala.

Estão aqui empresários, advogados, médicos, professores, profissionais liberais, trabalhadores por conta de outrem, pequenos comerciantes. Gente de diferentes idades, de diferentes origens e até com diferentes ideias. Mas que se tratam como iguais. Companheiros é a expressão que utilizamos entre nós.
Gente diferente que não se conforma, que não se cala, que não recua perante pântanos ou adversidades, que não desiste. Gente que não foge. Uns mais anónimos que outros mas sempre com um traço comum bem cravado na identidade de todos: vontade própria, livre iniciativa e coragem.


Quem diz que o PS e o PSD são iguais, quem diz que o PSD já não tem lugar na sociedade, quem, com a ligeireza dos ignorantes, nos apouca, não sabe o que é o PSD. Quem nos tenta dar lições ideológicas, não conhece a nossa história. Não sabe quem nós somos. Não sabe o que é a social-democracia. Não sabe o que é ser social-democrata.
Quem assim nos trata, fica pela rama do sound byte que cataloga mas não alcança o conhecimento dos nossos valores: a matriz personalista que respeita o primado do mercado, a dimensão social do Estado e o seu papel subsidiário na redução das desigualdades, a promoção da solidariedade, como garante da coesão social.

Mas há uma outra dimensão de ser social-democrata. É ter uma visão ética da vida. Como dizia Sá Carneiro: A política sem ética é uma vergonha.


É também contra essa vergonha que hoje atravessa transversalmente a sociedade portuguesa que se impõe que o PSD volte às suas origens, aos seus valores de sempre


No PSD não temos medo das diferenças. Não nos incomoda a liberdade de expressão. Esta diversidade é a nossa maior riqueza. Esta diversidade é o espírito fundador do nosso partido. E quando esta diversidade se une em torno de um único objectivo, de um único líder somos imparáveis e vencedores.


Queridas amigas, Queridos amigos


Nesta sala estou com a minha gente. Nesta sala estou em casa.

Sou militante do partido desde o seu início.


Entrei na Secção Ocidental do Porto, na SOP, com 17 anos de idade. Entrei para o partido empolgado pelo sentido reformista de Francisco Sá Carneiro e pela extraordinária natureza de um líder que sabia juntar, unir e mobilizar gente tão diferente.

É um património que não podemos delapidar nem deixar que o desvirtuem. Nos últimos anos temos eleito um líder e uma oposição a esse líder. Temos eleito uma tendência e uma contra tendência.

Ao fazê-lo estamos a abrir feridas e a excluir milhares e milhares de militantes.

Milhares e milhares de recursos que não podem ficar esquecidos ou adormecidos em listagens eleitorais. Que fazem falta ao partido. Que fazem falta ao país.

Mais importante do que quem ganha ou de quem é derrotado é que o que todos temos perdido: o espírito fundador de mobilização, a capacidade de iniciativa criadora e o sentido da união que fortalece a confiança.


Este é, e tudo farei para que assim seja o momento da inversão deste estado de coisas.Ninguém pode ficar de fora. Precisamos de todos.

Não sou um candidato de tendência. Não sou um candidato de clientela. Não sou um candidato para ser apenas o líder que se segue. Nem tão pouco me estou a posicionar para ser o próximo depois do que agora vamos eleger.

Não se trata de mudar, não se trata de romper. Eu quero unir. Estou aqui, nesta histórica sala, nesta histórica cidade, em nome da união. Quero contribuir para unir o PSD. Sem tribos, sem tendências, sem ismos. Como tenho feito na presidência do nosso Grupo Parlamentar.

Não vale a pena termos boas ideias para apresentar aos Portugueses se estes as não puderem conhecer através da comunicação social. Se as não puderem conhecer porque esta está mais preocupada em narrar uma qualquer discussão interna, uma qualquer intriga entre facções, uma qualquer picardia entre militantes.


Não é com tribos que vamos lá. Temos de superar as divergências internas para sermos ouvidos e credíveis no exterior.

Não podemos continuar a permitir que, com as nossas divisões, porque falamos a várias vozes, cada um para o seu lado, sejamos nós a dar mais força aos socialistas, para desgraça de Portugal.

Não podemos continuar a passar a ideia que o que nos separa é mais forte do que o que nos une.

Não quero contribuir para essa realidade e por isso, mesmo durante esta campanha, não irão ouvir de mim uma única referência negativa em relação aos que se me opõem na disputa pela liderança do PSD.

Não me interessa perder tempo com eventuais traições deste ou com os eventuais interesses daquele. Não será esse o meu caminho. Eu estou aqui para unir.

E sei o que quero para o meu país.

Durante cinco anos o país foi governado sob o lema do contra.


Contra os juízes. Contra os professores. Contra os médicos. Contra os enfermeiros. Contra os jornalistas. Contra as agências de rating. Contra a Assembleia da República. Contra a Madeira. Contra a Presidência da República.


Durante cinco anos o país dividiu-se em duas partes: os que estão com José Sócrates e os inimigos de José Sócrates. Somos governados em permanente guerra civil política. De guerra em guerra. De conflito em conflito. E os portugueses são uma espécie de danos colaterais.


A forma de governar é bem o reflexo da personalidade do senhor primeiro-ministro: quezilento, crispado e com dificuldades em conviver com a diferença.


Mas, mais do que do diagnóstico, mais do que dos problemas, os portugueses esperam que o PSD fale sobre soluções. Fale sobre alternativas.


Não tenhamos ilusões. Nos últimos 35 anos o mundo mudou. O país mudou e os portugueses mudaram mais ainda.


E continuamos a aplicar as mesmas soluções de há décadas atrás. É, no mínimo, absurdo ouvir o nosso primeiro-ministro, aquele que se auto intitula de moderno, citar economistas nascidos no século XIX.


Como se os problemas da velha economia industrial fossem comparáveis com os problemas da economia global, financeira e dos serviços.


As velhas soluções já não se aplicam a este mundo novo. Não podemos ficar pela rotina das reformas sobre reformas sobre reformas...


É absolutamente necessário acelerar a capacidade de inovação e preparar o novo ciclo de crescimento que aí vem. É necessário um novo paradigma não só por razões económicas, sociais e psicológicas mas também porque isso induz confiança e optimismo numa altura em que os portugueses estão tristes e sem esperança.


José Sócrates continua a acreditar que inovação é distribuir computadores nas escolas. No PSD, quando falamos de inovação falamos da qualificação com seriedade, da que não é escrava das estatísticas que iludem a realidade e que contribui para o facilitismo.


Falamos da inovação nas empresas mas também no terceiro sector, no sector social, contrapondo, neste, à retrógrada visão assistencialista do partido socialista a moderna perspectiva de o encarar como mais um motor da nossa economia gerador de riqueza e criador de emprego.


José Sócrates continua a acreditar num Estado centralista e planificado. No PSD, quando falamos de inovação, falamos de um Estado regulador, árbitro isento, desconcentrado e descentralizado, que confia na gestão de proximidade que melhor garante a cada português a oportunidade de uma vida melhor.

Falamos de uma política de proximidade com os nossos autarcas, particularmente, os presidentes de Junta que estão na primeira linha da resolução dos problemas das pessoas

José Sócrates continua a acreditar que a solução para o desgoverno das contas públicas é asfixia fiscal, que engorda o peso do Estado. No PSD, quando falamos de inovação, falamos na criação de riqueza. Falamos das pequenas e médias empresas e das condições que necessitam para serem competitivas, gerarem postos de trabalho e terem capacidade exportadora.

José Sócrates continua a acreditar que inovação são novas formas de distribuir subsídios, que aumentam as clientelas. No PSD, quando falamos de inovação falamos da indústria cultural como afirmação da nossa identidade, como formação harmoniosa da nossa personalidade e nunca como um fardo no orçamento.

Quando falamos de inovação, falamos de indústrias criativas e de indústrias ambientais.

Falamos de uma Justiça que funcione. Que não seja um obstáculo à vida das empresas. Uma justiça em que os portugueses confiem. Que sintam que não protege os interesses e os poderosos.

No PSD olhamos para novas áreas, novos sectores. Sabemos que o mundo e que os novos desafios exigem novas respostas. O tempo actual é o tempo de preparar o futuro. É o tempo de criatividade social.


Temos de mobilizar as energias da sociedade portuguesa. Empresas, sector público, sociedade civil. Todos somos necessários para encontrar novas soluções. Soluções que respondam às necessidades sociais e que criem oportunidades de crescimento e de emprego. Neste tempo o governo não pode ser o problema. Neste tempo o governo tem de ser a solução.


Queridas amigas queridos amigos,

Mais cedo ou mais tarde vai cair sobre os nossos ombros a responsabilidade de tirar o país do caos onde os socialistas o mergulharam.

Mais cedo ou mais tarde seremos chamados a pacificar cinco anos de guerras políticas com diversas classes e sectores sociais. Mais cedo ou mais tarde seremos chamados a apresentar soluções.
Esta é uma questão que os militantes do PSD terão que ter em conta no momento da sua decisão.

Temos fundadas razões para acreditar que o próximo presidente do PSD será chamado a liderar o futuro governo do nosso país.
Seremos chamados para apresentar uma alternativa mobilizadora, construtiva e corajosa. Temos razões para não falhar na escolha do próximo presidente do PSD.

Não é o PSD que precisa de ganhar eleições. Mais do que nunca na sua história é o país que precisa que o PSD ganhe as eleições. É o país que todos os dias olha para nós e espera. Desespera para que saibamos arrumar a casa. Desespera para que saibamos unir esta diversidade em torno de um único objectivo.


Não vamos falhar. Não podemos falhar.


Minhas amigas, meus amigos,

Sou candidato a presidente do Partido Social Democrata e a Primeiro-Ministro de Portugal.


Neste momento só me ocorrem as palavras do primeiro discurso político do advogado Francisco Sá Carneiro, em 1969.


"Corremos um risco, assumimos uma responsabilidade; temos a consciência de cumprir um dever"


Conto com todos. Conto com a força de todos."

http://www.aguiarbranco2010.com/

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