sábado, 25 de abril de 2009
25 de Abril, visto hoje
Publico o texto do meu colega de bancada na assembleia de freguesia, António Vieira, proferido hoje na sessão comemorativa do 25 de Abril.
"Celebram-se hoje 35 anos sobre uma das mais significativas e marcantes datas que mudaram o rosto e destino de Portugal e dos portugueses.
Esta efeméride, deverá ser sempre comemorada, para que se recordem aqueles que bravamente lutaram contra um regime ditatorial, absolutamente cerceador das mais elementares liberdades individuais, e para o fim do adiamento de uma pátria cansada, fechada e isolada politicamente, o que nos impediu, durante décadas, de acompanharmos a construção da Europa e o progresso mundial.
Hoje, efectivamente, somos um país diferente. Portugal através, essencialmente, da inclusão no projecto da U.E., transformou-se num país que, durante alguns anos, obteve níveis de desenvolvimento que o aproximariam dos seus melhores.
Porém, o mundo está em permanente mudança. Assiste-se hoje à confrontação de desafios que até há bem pouco tempo, não faziam parte da normal agenda política e das preocupações mundiais.
Portugal debate-se actualmente com problemas que são compartilhados com a mesma preocupação por outros países, mas que, infelizmente, se têm repercutido em território nacional de forma avassaladora. A saber:
O enorme desafio da globalização veio trazer enormes exigências na maximização da produção, com baixos custos. Este fenómeno veio desafiar a capacidade de adaptação da economia a este novo cenário. Fruto de um mundo perfeitamente desequilibrado em termos de qualidade de vida, assistimos há deslocalização permanente das unidades produtivas para países onde a mão-de-obra é mais barata, por desrespeito com o ambiente e com os trabalhadores. Isso traz graves problemas económicos e sociais ao nosso País. Como se não bastasse, surge nos Estados Unidos e depressa se propaga pelo mundo a maior crise económica /financeira de que há memória desde 1929.
Assistimos ao colapso do tecido produtivo, a Industria automóvel é uma das principais vitimas, alguns dos maiores Bancos Mundiais não resistem á crise outros sobrevivem com a ajuda dos Estados, outros são objecto de grandes polémicas que envolvem enormes desfalques que vêm desacreditar o sistema financeiro.
Esta crise depressa se transforma num grande problema social, o desemprego atinge taxas históricas com o encerramento diário de pequenas, médias e grandes empresas. Aqui deveria aparecer um estado protector, com soluções de combate ás dificuldades na assistência aos mais desfavorecidos, com politicas eficazes de assistência no combate a pobreza e á degradação social.
Cerca de 21% da população Portuguesa, ou seja, dois milhões de compatriotas nossos encontram-se no limiar da pobreza.
Outro dos factos que não pode ser escamoteado é o excessivo endividamento dos portugueses; atingindo, já, uma impensável taxa de 124% do rendimento disponível, ou seja, devem, em média, mais 24 % do que o rendimento total disponível!
É preciso inverter esta situação; o Governo tem que promover a revitalização da indústria e da agricultura e promover as exportações para criar riqueza. Não podemos continuar a viver para além do que produzimos.
O envelhecimento populacional é outro problema. Estima-se que 1/3 da população portuguesa, dentro de vinte anos aproximadamente, tenha mais de 65 anos. É urgente enfrentar um fenómeno que tem sido constantemente menosprezado e adoptar políticas de aumento demográfico capazes de impedir que 1/3 da nossa população se torne inactiva. Este é um dos dramas actuais que se fará sentir não apenas na, cada vez mais deficitária, Segurança Social mas e essencialmente, em sabermos encontrar formas que proporcionem uma vida condigna a todos os que se encontrarem nessa situação.
A situação da saúde e o combate ás listas de espera é urgente, para que uma simples consulta não obrigue o cidadão a esperar meses. É a Justiça que não funciona, a educação que continua a ser uma das preocupações da nossa sociedade. Se estes são os pilares da Constituição da República Portuguesa e continuam doentes, para onde vai o País? Portugal precisa de uma maior participação da sociedade civil nos processos de decisão politica, bem como na sua organização através da criação de associações não governamentais.
Portugal padece de um problema de apatia social, potenciado por uma crescente descrença nas próprias capacidades do país, como se tivéssemos mergulhado numa espécie de apatia que nos impede de exigirmos mais, já não acreditando que o pais pode ser diferente e melhor.
Estes são exemplos do que tem falhado nos últimos anos. Mas como hoje é dia da Liberdade, não podemos deixar de expressar que continuamos acreditar num País melhor e mais justo, para isso é preciso abolir políticas populistas, que apenas tem contribuído para o desperdício dos poucos recursos que o Pais possui e que o Governo têm a obrigação de aplicar com rigor.
Precisamos de políticos com politicas sérias, direccionadas para o desenvolvimento do Pais e dos Portugueses. Precisamos de voltar a acreditar, como se acreditou em Abril de 74, num Portugal diferente, mais solidário, mais justo, mais livre e mais moderno."
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