domingo, 17 de maio de 2009

Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice…

Lopes da Mota foi designado para representante nacional no Eurojust por este governo por indicação do PGR, conforme a lei assim o determina.

Por inerência à função que exerce tem a seu cargo a articulação com as autoridades britânicas no caso freeport.

Sobre este caso já é público que:

1.Lopes da Mota inicialmente negou qualquer envolvimento directo ou indirecto em eventuais pressões para com os investigadores do caso;

2.Posteriormente Lopes da Mota reconheceu que tivera alguns contactos informais e de natureza privada com os investigadores mas não relacionados com o freeport;

3.Depois o inquérito realizado pela PGR sobre as alegadas pressões aparentemente confirmou a interferência de Lopes da Mota no caso pois este transmitiu aos investigadores que o PM via ministro da justiça teria ameaçado com “represálias caso o ps perca a maioria absoluta”, que aqueles estavam “sozinhos no processo” como também indicou a jurisprudência para o arquivamento do caso dado que o alegado crime já teria prescrito. Esta última sugestão foi testemunhada por um juiz de instrução;

4.No seguimento do inquérito, Lopes da Mota, confessa que terá usado indevidamente o nome do ministro da Justiça e do PM.

Perante estes factos:

O PGR aparentemente ainda não totalmente convencido ordena um processo disciplinar.

Cândida Almeida, superiora hierárquica dos investigadores do caso freeport, entende que Lopes da Mota é uma pessoa de bem e que desempenha um cargo internacional importante pelo que para já não se deve demitir.

Lopes da Mota considera que tem todas as condições para continuar no cargo.

O PM mesmo sabendo que um alto funcionário do Estado falou indevidamente em seu nome e do governo a que preside parece pouco preocupado e diz para espanto geral que cabe ao PGR uma tomada de decisão.

É inacreditável o ponto a que as coisas estão a chegar de uma forma tão descarada e obscena com total impunidade…

Por mim, « Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice..», nas palavras Émile Zola

Mas é também importante realçar e louvar a coragem dos investigadores do caso e do presidente do sindicato dos magistrados ao denunciarem esta situação que assim ainda dão alguma esperança a quem acredita e trabalha em prol da Justiça.

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