sábado, 24 de janeiro de 2009

Professores, avaliações & politicas…

Ontem foi chumbada na assembleia da república mais uma proposta para a suspensão da avaliação dos professores.
Hoje outra manifestação de professores contra o sistema de avaliação.
Será que este conflito irá durar até ao fim deste ano lectivo? E esta discussão servirá para alguma coisa?

Antes de ir ao cerne da questão começo por algo que ainda não vi ninguém discutir : o excesso de professores.

Ainda assim todos os anos são formados dezenas de novos professores mesmo que todos saibamos que a população portuguesa não irá crescer nas próximas décadas, logo também não o número de estudantes.

Esta falta de planeamento do Estado, que já vem de à décadas atrás leva ao desespero de todos aqueles que têm de sujeitar-se a passar três meses a dar meio horário em Bragança para no semestre seguinte dar algumas horas em Beja e assim sucessivamente durante anos seguidos. Infelizmente centenas dariam tudo por algumas horas nos Açores ou Monção, mas até lá mais um semestre no desemprego.

Ou seja, o país investe na formação dos professores, paga-lhes subsídio de desemprego, oferece-lhes a possibilidade de conhecerem Portugal de Norte a Sul incluindo as ilhas, volta a investir na sua formação profissional porque entretanto estiveram alguns anos sem trabalhar, volta a pagar mais alguns subsídios de desemprego entre a volta a Portugal de escola em escola e aos que já estão no quadro tudo parece fazer para que se reformem.

Ainda assim existem professores que conseguem manter a sanidade mental…

Todo este expediente para evitar as progressões na carreira pois os recursos disponíveis são cada vez menores e número de professores cada vez maior.

Voltando à questão, não tenho dúvidas que a avaliação dos professores é inevitável, necessária e mesmo muito saudável.

Mas parece despropositada uma discussão tão extremada sobre a questão da avaliação enquanto não se resolve o principal problema do sistema de educação que é a falta de uma CULTURA DE EXIGÊNCIA.

Exigência na disciplina e educação dos alunos.
Exigência nas condições que a Escola dá a quem a frequenta.
Exigência na qualidade dos programas.
Exigência na competência dos professores.
Exigência na formação pedagógica e cívica dos alunos.
Exigência nos resultados escolares dos alunos e Escolas.
Exigência quanto ao reconhecimento e valoração do mérito.

Na prática isto significa que:
Os alunos e pais têm que respeitar a autoridade do professor e este tem que saber utiliza-la;
A falta de assiduidade de alunos e professor tem que ser penalizada e não premiar quem não falta;
As aulas têm que ser dadas em salas com condições térmicas e acústicas adequadas, as escolas têm que ter condições para actividades desportivas e culturais;
Os programas têm que ser adequados à realidade e exigentes;
Os professores têm que ser avaliados;
A escola tem que interagir com a sociedade civil e esta tem que estar representada na escola;
O mérito dos alunos, professores e escolas tem que ser reconhecido;
Os alunos não podem passar sem saber;
A comparação entre alunos e escolas só pode ser feita com base em exames nacionais;
As escolas têm que ter maior autonomia;
Etc, etc…

Enquanto a educação for partidarizada, com cada ministro a fazer tábua rasa do anterior mesmo dentro do mesmo governo e a tentar implantar uma nova reforma, não é possível conseguirem-se resultados.

Este deveria ser um desígnio nacional e os resultados efectivos demorariam no mínimo duas legislaturas.

Em Portugal tudo que demore mais do que meia legislatura para mostrar resultados é demasiado longo para qualquer governo.

A educação a par da justiça e logo depois a dimensão e organização do estado são os problemas que mais condicionam o futuro de Portugal.

1 comentário:

  1. Parecia que estava a ouvir o Paulo Portas a falar O:)
    Sim sim, exigencia é fundamental, mas um prob de cada vez, e no que diz respeito à questao da avalianção dos profs, está aqui um problema que vai exigir muito jogo de cintura para resolver.
    As posicoes estao extremadas e ninguem agora vai querer ceder.
    E com a ministra a receber elogios rasgados com a sua prestação - no 1.o ciclo, diga-se - isto vai de mal a pior ;D

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